Por Victoria Meggiato
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O desespero ao ver um bebê engasgando. A situação, que é motivo de medo entre pais e familiares, é mais comum do que se imagina. Até o primeiro ano de vida, engasgos podem ocorrer com a própria saliva, leite materno ou nos primeiros meses de adaptação com outros líquidos e alimentos. Em Pelotas, o Serviço de Atendimento Móvel de Emergência (Samu) e a Brigada Militar (BM) são os órgãos que mais recebem esse tipo de ocorrência. Apesar disso, a situação não acontece com tanta frequência no Município. O Samu atendeu apenas uma ocorrência de engasgamento no último mês. Já o 190 do 4° Batalhão de Polícia Militar (BPM) recebeu sete chamados desde janeiro deste ano.

Manter a calma é a principal recomendação quando um bebê engasga. De acordo com o Soldado Roger Anjos, do 4° BPM, a orientação é não deixar o nervosismo tomar conta. “A BM, quando atende este tipo de ocorrência pelo 190, orienta aos pais que embora estejam nervosos com a situação, mantenham-se calmos para que possam realizar os procedimentos adequados repassados pelo telefonista”, destaca. Junto com o atendimento da Brigada Militar, Anjos relata que o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) também é chamado. “É acionada a Samu e enviada uma viatura até o local da ocorrência, e posterior a vítima de engasgo e seu responsável são encaminhados ao Pronto Atendimento para atendimento especializado.”

Durante a ligação para pedir ajuda, os pais ficam sem saber como agir. A reportagem do Diário Popular conversou com os socorristas do Samu, a Médica e Responsável Técnica Amanda Mendel e o Técnico em Enfermagem Vinícius Santos, que falaram sobre as principais orientações. Amanda conta como ocorre o primeiro contato durante as ligações por engasgamento. “É mais difícil acontecer da pessoa estar sozinha com o bebê, normalmente tem outra pessoa junto e alguém atina. Ou a gente pede para pôr o telefone no viva voz e dá instrução pra todo mundo ouvir. Mas é uma ligação bem tensa de receber, para todo mundo”, conta.

Amanda também afirma que as ocorrências mais frequentes são em bebês recém nascidos, sendo uma situação mais rara com crianças maiores. “Poucos dias, ali nos primeiros dias de vida, que os pais estão meio assustados, atrapalhados, que tem a função aquela do botar para arrotar, esperar um pouco em pé antes de deitar. Normalmente é leite. Crianças maiores que geralmente é com objetos sólidos, e essas ligações são mais raras ainda”, afirma.

Primeiros passos

Acionar os serviços de emergência é a primeira medida durante um engasgamento. Apesar do nervosismo e desespero em um momento delicado, é importante manter a atenção e fornecer todos os dados solicitados pelo telefonista, para que uma ficha possa ser preenchida com os dados da pessoa.

No Samu, quando os profissionais identificam que a ligação se trata de um engasgamento, uma ambulância imediatamente é despachada até o local. “[É importante] ter a ideia de que a ligação primeiro entra num telefonista, que não é um médico, e essa pessoa precisa preencher uma ficha com o mínimo para a gente poder deslocar uma ambulância e alguém lá. Então precisa do endereço, precisa do número do endereço, precisa de um ponto de referência, alguma coisa para a gente poder ir despachando uma pessoa enquanto a gente fica no telefone”, reforça Amanda. “O nosso Samu é regional, a regulação médica tem mais onze municípios. Então a gente tem que saber de que cidade está falando, qual a rua e um ponto de referência”, completa Santos.

Telefones indicados:
Samu: 192
Brigada Militar: 190
Corpo de Bombeiros Militar: 193

Manobra de Heimlich

Um procedimento rápido de primeiros socorros que serve para tratar asfixia por obstrução das vias respiratórias superiores por corpo estranho. A manobra é simples de ser feita, mas precisa de atenção e calma.

Passo a passo
1. Colocar o bebê de bruços sobre um dos braços
2. Encaixar o queijo da criança entre dois dedos para que a cabeça fique firme
3. As pernas do bebê devem ficar abertas, uma para cada lado do braço
4. Desça o braço cerca de dez centímetros para o corpo ficar levemente inclinado
5. Com a outra mão, dê leves tapas nas costas para desobstruir as vias aéreas
6. O líquido deve sair pela boca e nariz
7. Se não voltar, colocar o bebê no outro braço de barriga para cima
8. Fazer a massagem no coração
9. Repita os procedimentos, alternando, se o bebê seguir engasgado

Mesmo após a ligação para o serviço de emergência e a realização do procedimento para desobstrução, é recomendado que os pais ou quem estiver cuidando do bebê aguarde a ambulância e os médicos especializados, que irão avaliar a situação e falar sobre as próximas orientações.

Prevenção pode evitar engasgos

Os engasgos podem ser prevenidos tomando certas atitudes. O Samu trabalha com o elo de sobrevivência, que recomenda algumas questões. Santos destaca algumas. “Cortar bem os alimentos, quando é uma criança que já tá se alimentando bem, uma criança que fica bem sentada já”, fala. “Respeitar os sinais de prontidão da criança, só tentar alimentar uma criança que já consegue se manter sentada, que tem essa questão da habilidade com as mãozinhas, de pinça, de pegar, cuidar o tipo de alimento, o corte, a forma como vai fornecer esse alimento e nunca sair de perto da criança enquanto ela tá alimentando, principalmente esses primeiros que é uma adaptação”, finaliza Amanda.